Livro-te: Água do meu coração de Charles Martin

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    Não foi um começo de leitura nada fácil, cheguei mesmo a pensar se as pessoas não tinham exagerado ao dizer que era uma linda história, pelas demasiadas descrições técnicas dos barcos (que a mim não me interessam nem um pouco) comecei a achar entediante, mas a história vai crescendo e ganhando forma.
    Um dos meus géneros preferidos para ler é sem dúvida romances com viagens, este é um belo exemplo disso, entre Miami, Bahamas e principalmente a Nicarágua, que deu vontade de visitar só pelas descrições do clima e das paisagens.
    "Água do meu coração" começou a conquistar-me com a viagem de Charlie à Nicarágua, um homem com um passado e presente vividos na criminalidade e que sem saber entrou numa viagem que veio exorcizar os seus demónios e quando a vida dele se cruza com a de Paulina, temos uma relação que vai nos deixando um sabor doce na boca e assistimos Charlie renascer das cinzas como um homem de um coração belo, apaixonado, cativante e grato por tudo o que a vida lhe deu, mas com o peso de um passado que volta atormentá-lo, porque as vidas de Charlie e Paulina podem já se ter cruzado e não da melhor maneira.
    E desde que este casal se encontra em León, eu tive dificuldades em largar o livro, só queria consumir a história cada vez mais, saber o que se seguia.
    Os personagens são muito apaixonantes, muito bem construídas, ricas... Mas Paulina e a sua filha Isabela conseguem ultrapassar aquela barreira, estão num patamar superior, dois geres generosos e com um coração do tamanho do mundo. E é impossível não nos apaixonarmos pelo Charlie, mesmo com todos os seus defeitos, o coração dele está no lugar certo.
    Esta é uma história que traz-nos uma reflexão sobre a importância do dinheiro, do amor, da afectividade, do que é o conforto e o que é viver, sobre estarmos em paz com a nossa consciência, sobretudo sobre o perdão e sermos a melhor versão de nós mesmos. Encontramos nestas páginas várias metáforas e analogias de encher o nosso coração.
    Um dado curioso, que nunca tinha visto noutra leitura, o autor conta-nos a sua experiência na primeira pessoa sobre a sua visita a Nicarágua e todos os factos e pessoas reais em que se inspirou para escrever esta história.
    Gostei mesmo muito deste livro e fiquei com curiosidade de ler outras obras deste autor que até então desconhecia. Recomendo!